"Porque o perfeito não é impecável. A perfeição está na forma como toda a imperfeição se harmoniza."

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sábado, 28 de abril de 2012

Imperfeição

"Pra que lutar, construir, por que sofrer?
Todos vamos morrer, de um jeito ou de outro."

Depressão? Não mesmo. Realidade.
Já foi colocado como diferença. O sentimento.
Sentimos, e assim o homem se coloca num patamar distinto do restante dos animais. "Somos humanos..."
E vamos para o mesmo lugar.

"E você vai viver sempre pensando na morte?
Vai ficar sempre pensando no pior?"
É, bem normal. Não é bem o medo da morte, e sim o medo de pensar nela.
No que é, no que pode ser. No porquê.
E, por fim, na razão que faz sempre que você corra atrás do vento...

"Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades... Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho com que se afadiga debaixo do sol?
Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento."
-Salomão

No fim, é isso aí. Não existe um motivo para que se faça nada. No fim, é sempre o fim.
E ninguém nunca se pergunta por quê. Somos tão humanos, e por sermos tanto assim, às vezes deixamos de ser humanos.
Você se vê na vida, você leva os seus planos à frente.

"Do mesmo modo, não havia na vida algo de tão maravilhoso que valesse a pena conservar.
Tudo vai ser, do mesmo modo, destruído e ido com o que de noção existia no que foi. Tudo vai ser nada, porque tudo só é porque há quem sinta, e dele se faz todas as coisas, não o contrário. Tudo é porque eu sou, mesmo sendo sem mim."

"Porque o perfeito não é impecável. A perfeição está na forma como toda a imperfeição se harmoniza."

E é só isso. Simples. O argumento. A resposta de ser.

Quando passamos por dor, costumamos perguntar por quê.
Quando sentimos falta, quando choramos.
Ninguém se pergunta por que é feliz, somente por que há dor.
Seria hipocrisia?
Por que, então, você é feliz?
Tudo depende de tudo. Nada existe sem o tudo, e nem o tudo sem o nada.
Só há felicidade porque há dor, e só há dor porque há felicidade. É a lei da interdependência.
E, no meio disso tudo, vem a pergunta: por quê?
E, no meio da fadiga, eu vim socorrer-me.

Não vale a pena, realmente. Não vale a pena.
Não vale a pena passar pelo mundo por passar, não vale a pena ser para não ser.
Não vale a pena saber que nada valerá a pena, já que você passa. Não vale a pena quando você sabe que passa.
Vale a pena quando você vê que não é só. Que tudo é tudo, mesmo que diretamente dependente do nada;
que todo o todo é oriundo dele mesmo, e que ele se completa.
Vale a pena quando, no maior dos pesares pessoais, você encontra-se como peça, e não como centro, mesmo sendo o centro do que só é porque você é.
Vale a pena passar, vale a pena sentir; vale a pena sorrir e chorar, vale a pena tentar.
Vale a pena, porque você é o instrumento que harmoniza a imperfeição, você é essa imperfeição.
Todos nós somos imperfeição, e somos, consequentemente, a maneira com a qual a harmonia torna a imperfeição perfeita.


Eu quero viver, quero morrer. Quero sentir dor, alegria, quero sofrer, regozijar-me. Eu faço parte da imperfeição, eu sou a imperfeição e, por isso mesmo, sou perfeito.

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