mesmo que vindo do mais ridículo
senso de pudor, mesmo que impuro, infeliz.
Sobre o riso o olhar desmonta a tentativa,
transforma o que é falso, transparece a sensação;
mesmo sendo demasiado óbvio
o olhar corre sozinho, busca sozinho
demonstrar a verdade antagônica ao que é preciso.
Eu não preciso de verdade, não preciso da verdade;
preciso do teu maior e menor esforço,
preciso apenas do que é preciso,
do que, mesmo sendo reflexo do opróbrio,
é, na verdade, tudo o que é preciso.
Sobre o medo, a atenção;
sobre o muito se importar.
Sobre ter o que preciso ter e não perguntar,
não perguntar se é preciso;
sobre o caminhar existe o pesar?
Sobre o demonstrar existe o ser?
Quando vejo o teu semblante, quando sinto,
quando vejo o que apresenta.
Quando os opostos cruciais mostram as faces
nos espaços que estão sempre vazios;
vazios sim, porque são lacunas arbitrárias.
Sobre o riso que, mesmo só na aparência,
é o que é, não por ser, mas por ser preciso.
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