"Porque o perfeito não é impecável. A perfeição está na forma como toda a imperfeição se harmoniza."

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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Sapiência

Posso considerar seca a volúpia dos bons modos.
Ineficaz, máscara que se impõe fleumaticamente.
Posso considerar vago o bem proceder que de bem só quer o seu;
posso excluí-lo, expurgá-lo.

Ao ignorar o lamento, lamento meu; ao camuflá-lo, ainda mais.
Quanto mais de ti posso esconder os meus lamentos?
Quanto mais de ti afastado esteja.
Vês em palavras simples uma beleza inexistente,
pois a beleza não consiste em palavras.
Quero explorar os meus sentidos na seguinte questão:
Que queres?

Quando palavras são pesar, e pesar são,
quero saber o que queres tu.
Eis que exponho o que desejo: desejo não ter desejo.
Desejo não ser humano, para que assim busque a ti
na pergunta: Que queres?

Prostro-me diante da tua incapacidade.
Deleito-me no prazer que me proporciona a tua inconsistência.
Que queres?
Mostrar-me lições pseudo-altruístas procedentes
de sentimentos aparentemente corretos?
Fazer com que sinta pena pelo modo
hermético de funcionamento das tuas idéias?
Arruina-me, prenda minha, pois, por amor, lamento.
Posso dizer o que quero: quero que cresça a ponto
de enxergar o quão insignificante é o teu anseio,
vendo como contradição define seus atos.
Pois nem tu sabes o que queres.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Fraco

Cansa...
Degrada o estado de paz, mesmo que esta seja de mentirinha. É, mentirinha é eufemismo.
Você aprende a fixar. Você fixa a imagem, você aprende a ler. Você lê, aprende a desviar. Você desvia, aprende que, enquanto existirem pessoas, existirá decepção...
Quer carinho? Adote um cachorrinho.

Até acham força. Está bem...
É força desviar de balaços que ainda nem chegaram a ameaçar diretamente?
É força correr de sombras projetadas pelo passado?
É força esconder-se no seu lugar, inacessível, escuro, só?
É, ainda acham força. Eu ainda encontro...

<Desabafo>

Sabe, sinto que estou fraco.
Não que um dia já tenha sido forte, mas sinto que o que eu achava que era força é a pior das fraquezas.
Correr do que é a vida. Privar a mim mesmo do que é tão intrínseco ao ser humano.
Da emoção. Do ser.
De deixar-se levar, de arriscar, de perder.
Não perco, não quero mais.
Ainda existem marcas de outras coisas...

Sabe, sinto que sou fraco.
Eu leio, jogo, identifico.
Eu coloco, lanço, arrisco, mas não a mim.

"Você podia ser mais. Ainda acho que pode ser. Porque o que existe de diferente é a afeição, aquela que ninguém vê. Não há um crédito. Ninguém dá crédito. Credibilidade. Recompensa. Não há.
Não pode haver. Senão deixaria de ser você. Porque do pouco tem-se o muito, o muito que, do pouco, salta como milagre vindo das mãos de um messias cego, surdo e mudo, um messias implícito. Porque do pouco, e muito pouco, vê-se o muito. E o muito é labuta do ser."

Não sei por quem, não sei pra quê. Não sei aonde, não sei se.
Só sei que é isso, e isso é ponto. Final.


"Sabe, sinto que podemos. Podemos ver no que está apagado uma razão. Não no sentido racional, porque a racionalidade não quer que venhamos a existir. Só quero que tenhamos um porquê. Quero o fraco sendo forte, porque é fraco no que deve ser."