"Porque o perfeito não é impecável. A perfeição está na forma como toda a imperfeição se harmoniza."

Pesquisar este blog

domingo, 6 de novembro de 2011

Paradoxo

Às vezes sou cheio e vazio,
outras, vazio e cheio.
Cheio do que me faz vazio
posso voltar ao que fui:
cheio do que me faz vazio,
vazio do que me faz cheio.

Quando cheio estou do que me faz vazio,
sou vazio por encher a ilusão.
Sou cheio do eu primitivo,
cheio do eu repugnante.
Sou cheio de vazio,
cheio e vazio,
só e vazio.

Quando vazio estou do que me faz cheio,
sou cheio por ser grande.
Sou cheio da grande
sensatez repugnante.
Sou vazio de escárnio,
cheio e vazio,
só.

Às vezes sou cheio e vazio,
outras vazio e cheio.
Cheio que nunca é vazio,
por ser vazio como já fui:
Cheio do que me faz vazio,
vazio do que me faz cheio,
fadado ao vazio do seio
cheio do vazio só e sombrio.