"Porque o perfeito não é impecável. A perfeição está na forma como toda a imperfeição se harmoniza."

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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Sapiência

Posso considerar seca a volúpia dos bons modos.
Ineficaz, máscara que se impõe fleumaticamente.
Posso considerar vago o bem proceder que de bem só quer o seu;
posso excluí-lo, expurgá-lo.

Ao ignorar o lamento, lamento meu; ao camuflá-lo, ainda mais.
Quanto mais de ti posso esconder os meus lamentos?
Quanto mais de ti afastado esteja.
Vês em palavras simples uma beleza inexistente,
pois a beleza não consiste em palavras.
Quero explorar os meus sentidos na seguinte questão:
Que queres?

Quando palavras são pesar, e pesar são,
quero saber o que queres tu.
Eis que exponho o que desejo: desejo não ter desejo.
Desejo não ser humano, para que assim busque a ti
na pergunta: Que queres?

Prostro-me diante da tua incapacidade.
Deleito-me no prazer que me proporciona a tua inconsistência.
Que queres?
Mostrar-me lições pseudo-altruístas procedentes
de sentimentos aparentemente corretos?
Fazer com que sinta pena pelo modo
hermético de funcionamento das tuas idéias?
Arruina-me, prenda minha, pois, por amor, lamento.
Posso dizer o que quero: quero que cresça a ponto
de enxergar o quão insignificante é o teu anseio,
vendo como contradição define seus atos.
Pois nem tu sabes o que queres.


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